Arquivo de Julho, 2011

Amantes e colegas do esporte, imaginemos a seguinte descrição sobre um esporte “X” e seu mercado, na pauta de discussões durante uma reunião: R$ 3 bilhões é o valor do quanto movimenta esse mercado, tem aproximadamente 4 milhões de participantes, 30% é o crescimento médio dos negócios em torno desse esporte nos últimos 5 anos, são aproximadamente 600 provas por ano, já é o 2º esporte mais praticado no Brasil. Não parecem dados do futebol, vôlei, tampouco basquete: sim, estamos falando da corrida de rua, um esporte que chama cada vez mais a atenção das marcas, segmento e de seus adeptos. Quais são suas maiores motivações? E a qualidade do serviço, organização, adequação e longevidade? Quais são as oportunidades que se pode encontrar agregando negócios paralelos? São questões interessantes que discutiremos ao longo da “corrida”.

Iniciemos com as motivações do público, os desejos e necessidades que a corrida direta ou indiretamente atende aos seus consumidores: pessoas de ambos os sexos, diversas faixas etárias, etnias e classes sociais encontram no esporte lazer, qualidade de vida, prevenção de doenças, melhoria da saúde e estética, combate ao stress, melhoria da disposição física e mental, além de ser para muitos um “desafio aos próprios limites”. Além desses fatores, a modalidade não exige grandes habilidades e materiais – basta um par de tênis e roupas confortáveis – e é garantia de sucesso no quesito relacionamento e valor social: há uma aproximação por valores e objetivos de vida, é real a possibilidade de captação de clientes e negócios – e o melhor de tudo, in locuo – possibilitando a realização de ações perenes e entendimento de motivações particulares.

Em termos de patrocínio, os números só incrementam o grande potencial deste mercado: em 2008, início da Maratona do Rio, 4 empresas patrocinavam o evento; hoje são 12.  As cifras também aumentaram: três anos atrás a maratona carioca rendia R$ 1,5 milhão, hoje são R$6,2 milhões. Sim, as provas de rua viraram verdadeiros outdoors a céu aberto a serviço das marcas dos mais variados setores, desde drogarias a supermercados, empresas de tecnologia e até petroquímicas, como a Braskem – que patrocina o circuito Braskem Eco Run –  realizado em 6 capitais. Na mesma linha, os fabricantes de material esportivo também criaram suas próprias competições: a Adidas patrocina o circuito das estações, realizado em quatro etapas, a Fila criou a Fila Night Run – mistura de competição e shows, mais voltado ao público jovem -, a Mizuno promove, em cinco cidades, a Mizuno 10 Miles Series. Já a Nike, pioneira em corridas de rua com o Nike 10K, abandonou as competições “menores” e de menor duração para criar o Nike 600K, evento o qual os participantes vão correndo de São Paulo ao Rio de Janeiro. Aliado a todos esses eventos, estão estruturas e facilidades que fazem com que os praticantes sejam fiéis ao esporte, a experiência de consumo seja perene e de qualidade: os fatores críticos de sucesso desse esporte foram atingidos e explorados a favor do negócio. Imaginem se tivéssemos que pegar fila para efetuar uma inscrição? Se a organização, os processos operacionais e o pós-evento fossem mal geridos? Definitivamente a realidade seria outra, apenas um convite à reflexão e à comparação com outros esportes.

Abordemos as corridas de rua em termos de mídia: no Brasil, somente a tradicional São Silvestre era transmitida pela TV; hoje são mais de 10 provas nacionais, além das muitas internacionais transmitidas em TV aberta e paga. São 4 revistas específicas de corrida e mais 2 cujo foco principal é a corrida. Grandes e dinâmicos sites movimentando notícias diárias e comercializando anúncios dos mais variados produtos – desde fotos a carros e apartamentos -. Programas de TV, rádio, e-mails promocionais, redes sociais e muitas outras ferramentas de marketing são usadas, contribuindo para o saldo positivo.

E os negócios paralelos? São diversas as oportunidades, onde o grande potencial está ligado ao turismo e a eventos. Principalmente onde viagens nacionais e internacionais fazem parte do pacote. Atento ao público que gosta de triathlon, passou a conhecer golfe e não resiste a uma aventura no rio ou na montanha, agências de turismo passaram a oferecer pacotes especiais, onde o prêmio maior é exercitar-se enquanto se exploram os destinos.  Sim, há muitas peculiaridades no turismo esportivo: os consumidores viajam até o local da prova,  passam alguns dias no município, consomem e fazem com que a economia local gire em ritmo acelerado. Para comprovar essa ascensão, citemos o exemplo de uma companhia de um segmento diferente e que colhe bons frutos: a Tam Viagens. Há pouco mais de dois anos, a companhia, que já trabalhava com eventos ligados ao automobilismo e ao futebol, apostou nas corridas e consolidou-se como operadora de maratonas. De lá pra cá, registra crescimento anual de 20% tanto na oferta de pacotes quanto no número de clientes. E, a cada temporada, a empresa vê o nicho aumentar a participação em suas vendas totais.  

Definitivamente temos números impressionantes se considerarmos cada evento de corrida de rua no Brasil, porém ainda não há nenhum estudo do impacto positivo financeiro que eles geram em cada cidade. A Maratona de Nova York, por exemplo, uma das mais importantes e tradicionais maratonas do mundo – com 30.000 corredores oriundos de diversas partes do planeta – gera na cidade um impacto positivo em torno US$500 milhões. É um retorno maior do que o gerado no SuperBowl, também em Nova York. Daí tem-se uma real proporção de quanto ainda temos para crescer, uma excelente oportunidade.

Com base nas análises, não restam dúvidas de que o negócio corrida de rua ganha e ganhará cada vez mais adeptos Brasil afora, assim como ocorrerá aos envolvidos em termos de patrocínio e organização. Por isso, eis o recado: marcas, empresas e segmentos que objetivam crescer, temos uma grande oportunidade: é hora de correr.

Amantes do esporte, voltemos nossos olhares à cidade e ao estado de São Paulo como um todo: suas estruturas, rodovias, projetos, políticas de transporte e turismo. Como previsto no último post e após acompanhar a palestra “A Copa do Mundo em São Paulo e as oportunidades além do estádio” – muito esclarecedora, em tempo – é possível dizer o que se pode esperar de São Paulo além de seu estádio. Qual é o cronograma/planejamento? Quais são os planos e “táticas” de transporte? E quanto aos hotéis e turismo? São essas e outras importantíssimas questões que abordaremos a partir de agora.

De início, é preciso esclarecer um fator: São Paulo recebe eventos aos montes todos os dias, é rota de turistas do mundo todo, possui milhares de opções envolvendo lazer e entretenimento, muitos centros comerciais estão instalados por aqui; porém por conta disso e por ser uma das grandes cidades do mundo, a visibilidade gerada é igualmente gigantesca, tanto positiva como negativamente. Por isso é preciso não subestimar o evento Copa como um todo, não é porque estamos acostumados com São Paulo Fashion Week, Parada LGBT, Virada Cultural e eventos afins e de grande proporção e sucesso que a “receita” Copa de 2014 já esteja pronta, mesmo porque os planos logísticos e operacionais são diferentes, as necessidades do público são diferentes e, finalmente, a repercussão será diferente.

Falemos do plano operacional a cada ano, como São Paulo se prepara para sediar o maior evento do planeta: em 2011 a fase é de planejamento, pensar em melhorias e bem feitorias à população. Em 2012, a ordem é aparecer e aprimorar: entraremos na fase de divulgação e capacitação. Um ano crucial será 2013, onde serão realizados testes para a Copa. A pergunta é como aparecer, já que estamos fora da Copa das Confederações, evento teste para o mundial? Certamente existem outras formas de saber o quão preparada a cidade e o estado estão. Por fim, em 2014 teremos a realização do evento. É importante seguir o cronograma à risca, não será possível “ter idéias geniais” em 2013, ou aprovar uma medida provisória às vésperas do mundial.

Comentemos sobre transporte: estão sendo elaborados planos que visam melhor acesso ao estádio, melhoria na infra-estrutura, no entorno e na mobilidade dentro do estado de São Paulo. Caso à parte vivem os aeroportos, as reformas dificilmente serão entregues dentro do período da Copa; o essencial é planejar e implementar acessibilidades aos usuários desse serviço, evitar de uma forma definitiva o “caos aéreo”, gerando uma repercussão negativa, insatisfação e frustração neste sentido. A política a ser implantada do mundial claramente incentiva o uso de transporte coletivo, existe a preocupação de aumentar a “frota verde” e a acessibilidade ao local do evento. Para efeitos de comparação e usando o exemplo do metrô, a Fifa exige que 50.000 passageiros por hora/sentido sejam transportados, São Paulo apresentará um número bem superior: 115.000. Para comprovar a adequação no transporte, uma provocação: pensemos em um cenário extremo, de alto grau de complexidade tal como: imaginem um jogo da Itália aqui em São Paulo, período da tarde, uma partida da Argentina em Curitiba, mesmo horário – muitos turistas estão aqui, hipoteticamente – e horas mais tarde, no Rio de Janeiro, entra em campo a seleção brasileira. Como logisticamente e operacionalmente atender a toda essa demanda? E quanto às rodovias, vias de acesso e aeroportos, como adequar? Somente um convite à reflexão.

Seguindo o padrão Fifa, o plano de segurança está sendo implementado e até novas realidades estão sendo consideradas, como treinamentos anti-terroristas. Com relação ao policiamento, foi testado recentemente – no jogo de despedida do Fenômeno contra a Romênia – a ação de não se ter polícia militar dentro do campo, o que contribuiu para melhor aproveitamento do espetáculo no momento de despedida – Ronaldo deu a volta no estádio sem tumultos – e para melhorarmos a ideia de que somente a polícia proporciona segurança dentro do estádio. O mesmo ocorre nos planos da saúde – com grande atuação da vigilância sanitária – , do meio ambiente – atuando na revitalização de parques na região de Itaquera e no projeto Cidade Limpa – e de educação, inserindo o tema no conteúdo pedagógico. A ideia é relacionar todos os campos de atividade à Copa, fazer com que São Paulo respire e se vista a caráter para o mundial.

Política à parte, falemos do grande ponto forte e grande trunfo de São Paulo, onde realmente a cidade e o estado podem se superar: o turismo. Segundo o Ministério do Turismo, turista de Copa é homem, tem faculdade e economiza em hotel. Por falar em hotel, São Paulo conta com aproximadamente 42.000 leitos, número mais do que suficiente para atender à demanda de Copa, já que a Fifa precisará  – entre convidados, Vip’s e autoridades – de apenas 9.000 leitos, o restante ficará a total disposição dos turistas. É uma grande oportunidade também de pessoas do próprio país conhecer São Paulo, usar a “desculpa”do mundial para explorar a cidade, o estado e suas diversas opções de entretenimento e lazer. Com relação a eventos, teremos as chamadas “fan fests”- eventos Fifa – e grande oportunidade para vestir e decorar a cidade, criar uma “São Paulo da Copa”, adequar toda uma comunicação visual com motivos do evento – incluindo envelopamento de ônibus e metrô, decoração dos principais pontos turísticos da cidade – gerar ativação de patrocínio, realização de eventos promocionais e resgatar a auto-estima paulista, sentimento de pertencimento e de que cada cidadão faz parte da Copa, relacionando a imagem a ser construída e legado a ser deixado no pós-Copa.

Após as análises feitas, podemos dizer que São Paulo será grande no mundial de 2014, é forte concorrente ao jogo de abertura e de hospedar seleções no período da Copa. Esporte é entretenimento e São Paulo é serviço; alinhando as duas partes é possível alcançar níveis interessantes de satisfação, o que gera qualidade e faz com que a economia gire cada vez mais. Conceitos à parte, finalizo com o sentimento a ser enraizado, o legado que o mundial deixará à população: São Paulo só vai ganhar com a Copa se os cidadãos também ganharem.

 

 

 

Amantes do esporte, voltemos a abordar um dos assuntos mais comentados dos últimos meses: a Copa de 2014. Mais precisamente, da participação de São Paulo no maior evento do planeta. Diante dos recentes acontecimentos e notícias, não podemos deixar de comentar sobre o possível anúncio da Fifa a respeito da abertura do Mundial – que segundo sites, portais, blogs e jornais – será em São Paulo, no estádio do Corinthians. Como o assunto demanda muitas análises, decidi dividir esse post em dois capítulos, iniciaremos hoje e terminaremos após o dia 19/07, próxima terça-feira, onde estarei na platéia da palestra “A Copa do Mundo em São Paulo e as oportunidades além do estádio”, a ser realizada em uma das maiores universidades do país.

No início da semana a Fifa recebeu as garantias financeiras do projeto, porém Corinthians e Odebrecht ainda não assinaram o contrato, o que vem tirando o sono de muitos dirigentes do clube, construtora e do governo. Segundo um “negociador” que atua entre Corinthians, Odebrecht e o sistema financeiro, a conta está fechada: custo da obra fixado em R$820 milhões (incluindo projeção inflacionária de aproximadamente 17% nos próximos 3 anos), onde R$ 400 milhões viriam do BNDES e os outros R$ 420 milhões sairiam dos CIDs, Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento, títulos municipais que permitem o abatimento de 50% do ISS e 60% do IPTU do estádio, incentivos fiscais aprovados pela Câmara de Vereadores na semana passada. Tudo é tratado com muito sigilo, informações são ditas nas entrelinhas, como fez Kassab em seu twitter, dizendo apenas “Quero mais uma vez registrar a importância que tem para SP a realização do jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014.”

A Fifa e CBF trabalham também com a política de “fazer o certo”, associar as marcas das entidades a notícias positivas, transparentes e concretas – é preciso apagar da mente de todos os recentes escândalos envolvendo seus líderes –, resgatar a credibilidade e mostrar ao grande público resultados satisfatórios. É realmente intrigante e necessário noticiar algo “bombástico” como a definição da abertura de 2014, é preciso voltar os holofotes às ações de sucesso, mostrar serviço, passar ao mundo atributos como “temos organização”, “temos políticos sérios”. Doce ilusão, apenas uma provocação.

Ciente do cronograma, São Paulo começou a se mexer. No dia 30 de maio, após ameaças da Fifa, que declarou que excluiria da Copa as cidades brasileiras que descumprirem sua exigências, os tratores da Odebrecht começaram a terraplanagem do terreno. E ainda ouvimos discursos ditos por políticos aos montes como “estamos dentro do cronograma” e “tudo está sendo cumprido à risca”. Foi essa mesma segurança no discurso que tirou São Paulo da Copa das Confederações em 2013, evento “preparatório” e “teste” para 2014. Fato é que já estamos no meio de julho, os prazos estão se encurtando, no discurso o Brasil até parece um país de 1º mundo e que as obras estão a mil maravilhas.

Após estas análises e convites à reflexão, abordemos a cidade como um todo: estrutura de transportes, aeroportos, turismo e todas as oportunidades que vão além do estádio. São Paulo está preparada para receber turistas do mundo inteiro? Como estará a estrutura dos aeroportos da cidade em 2014? E as obras públicas, transportes coletivos e de benefício em prol da até então “esquecida” Itaquera? Estas são perguntas que esperamos responder no próximo capítulo.

Identidade, organização, estrutura e atletas de ponta. Sim, atributos como estes estão novamente presentes ao vôlei brasileiro, agora com muito mais freqüência.O que faz com que tantos atletas troquem países como Itália ou Rússia para habitarem a interiorana Araçatuba? Qual é a estratégia definida por seus gestores? Quais são os atributos desta marca que cresce consideravelmente no esporte? São questões significativas e interessantes que discutiremos a seguir.

A identidade – Conceitualmente, a identidade da marca é o conjunto de características que a definem, mostrando-as aos clientes e/ou prospects. Esse conjunto de características define como essas marcas irão se comunicar, como emitirão suas mensagens e valores. Neste sentido, a estratégia do Vôlei Futuro é muito bem definida: é a equipe da estrutura, da sociedade, das grandes estrelas. Ginásios lotados, torcedores com as camisas do time pelas ruas e idolatria em relação aos jogadores. Diante de toda essa identificação, Araçatuba é conhecida como “a cidade do vôlei” – de acordo com uma pesquisa local recente, a aceitação do público é de 96% -, o time reforça e expande cada vez mais sua marca pelo país. O projeto é visto ainda, como na essência do esporte, uma forma de entretenimento e lazer, sem contar os projetos sociais junto à prefeitura, que abordaremos a seguir. É a marca das vitórias dentro e fora das quadras, característica intrínseca que agrega valor, adeptos e investimentos.

 O Social/ projetos sociais e de base – Como “cidade do vôlei”, Araçatuba respira e dá sua contribuição ao Vôlei Futuro: a prefeitura ajuda o projeto com a secretaria de esportes, núcleos que atendem a mil crianças em escolas estaduais e municipais, visando à formação e educação dos “futuros atletas”. Faz parte da filosofia e valores da equipe associar a marca aos projetos sociais, segue o conceito de “busca por novos desafios” e diferenciação. Além do social, o Vôlei Futuro – para fazer jus ao nome – também investe na base com mais de 15 projetos voltados à base, com o sentido de prorrogar o vínculo da cidade com o esporte por tantas outras gerações. Com o intuito de formar e atingir alta performance, o objetivo é ter as equipes profissionais como exemplo para as crianças e jovens favorecidos, uma forma de retroalimentar o projeto. É o mesmo conceito usado pelo São Paulo com seus CT’s em Cotia e Barra Funda: os jovens são formados e preparados em Cotia e quando atingem a máxima performance/ desempenho são levados à Barra Funda, junto com os profissionais. É importante dentro destes projetos saber “de onde viemos” e “onde chegaremos”, questões psicológicas e de motivação afloram os objetivos.

 Marketing – À medida que as equipes se reforçam com grandes atletas, a possibilidade de acionar o marketing para incrementar recursos e atrair cada vez mais público aflora. Com uma campanha inovadora na modalidade, o Vôlei Futuro comercializa camisas personalizadas dos jogadores, tem uma linha de produtos para crianças e artigos para homens e mulheres, além de trazer um projeto interessante com mascotes: a marca de Paula Pequeno – PP4 – uniu-se ao mascote oficial do clube – chamado Bolota – criando a parceria “Bolota e Paulinha”, onde o intuito (além de vender produtos) é trabalhar diretamente com o público infantil, levar às crianças informações e ensinamentos de forma lúdica através da utilização da personagem que leva a imagem e o exemplo de vida da atleta como alicerce. É essa imagem de atleta campeã que serve de suporte e passa credibilidade. Inicialmente, essa parceria comercializa bonecos de pelúcia, revistas e gibis, dentre outros produtos voltados a esse público, além de estar presente em jogos da Superliga, estreitando ainda mais a relação e o “corpo a corpo” com o torcedor. Além disso, a equipe araçatubense está presente nas redes sociais: quase 5000 pessoas clicaram “curtir” na página oficial do clube no Facebook, mais de 8500 torcedores seguem o perfil oficial do clube no Twitter, além do mesmo possuir um canal exclusivo com conteúdo informativo no Youtube. O objetivo é o grande pilar da equipe, alavancar e potencializar a marca pelo Brasil, além de conhecer os hábitos, necessidades e desejos dos consumidores. A prova disso se resume basicamente na última ação feita no twitter, uma twitcam com o levantador e estrela Ricardinho, atraindo muitos adeptos, em plena terça-feira às 18:00 horas.

 Estrutura – Além de tudo o que já abordamos, um grande chamariz para tantas estrelas é a estrutura: o ginásio tem capacidade para 2500 pessoas, onde são realizados os treinos das duas equipes; uma academia própria com salas de fisioterapia, além de um sítio, sede para pré-temporada dos atletas, ponto de recuperação dos lesionados equipado com restaurante e área de lazer durante as folgas. Resultado: semi-finais na última Superliga para ambos os times.

 Estas são as armas do Vôlei Futuro, uma equipe do interior paulista que cresce em popularidade a cada ano, que tem uma estratégia muito bem definida com relação aos seus consumidores, que atrai cada vez mais estrelas internacionais e de alto nível, que difunde e potencializa sua marca, sempre com a preocupação social. Um projeto diferente, inovador na modalidade, um case a ser estudado e admirado pelos gestores e amantes do esporte.  Uma equipe que sabe muito bem de onde veio e onde quer chegar, marcando pontos dentro e fora das quadras.

Caros leitores, diante dos recentes acontecimentos resolvi mudar a pauta que estive programando durante esses dias, tudo porque abordaremos o caso do recordista mundial dos 50 e 100 metros livre: Cesar Cielo. O nadador, juntamente com mais três atletas, foi pego no exame antidoping do Troféu Maria Lenk, no Rio de Janeiro. A substância encontrada, a furosemida, é a mesma que já puniu Daiane do Santos e Daynara de Paula, também da natação. É um diurético, que pode ser usado tanto para perda de peso como para mascarar o uso de substâncias ilícitas, como esteróides anabólicos. Quais serão os reflexos desta “crise”? A imagem do atleta está arranhada? E seus patrocinadores, o que farão a respeito? São questões como essas que discutiremos a partir de agora.

Primeiramente, temos que destacar a atitude do atleta em tomar partido da situação, convocar uma entrevista e expor o caso, um Cielo muito diferente do que conhecemos, de terno e contido. Sem entrar no mérito do doping em si, creio que o nadador mostrou amadurecimento, não se esquivou e apareceu na hora que tinha que aparecer. Essa atitude, em termos de marca e imagem, foi positiva e com um grande diferencial: Cielo mostrou respeito aos seus patrocinadores, usava terno e gravata, na semântica dos símbolos, sinal de seriedade e comprometimento. O que não poderia ter sido diferente, afinal ele é conhecido como um atleta rígido, responsável e focado, atributos esses que sempre marcaram sua imagem e alavancaram o brand equity de seus patrocinadores.

Mas o que empresas como Hypermarcas, Embratel, Arena e Gatorade farão a respeito do caso? Essa é uma pergunta de difícil resposta, será preciso apurar os fatos e fazer com que, nas palavras de Cesar, “a verdade apareça”. O momento é de cautela, que exige transparência e agilidade a respeito de um veredicto.

Esportivamente, os danos podem ser grandes: estamos às portas do Mundial de Esportes Aquáticos em Xangai, e caso o nadador seja realmente punido – a pena varia de advertência até suspensão de dois anos – , ele corre o risco de não só perder essa competição, mas também as Olimpíadas em Londres 2012 e Rio 2016, já que pelas regras do COI, um atleta suspenso por mais de seis meses também está fora do ciclo olímpico seguinte.

O mundo esportivo  – assim como o corporativo –  está sedento pelo desfecho deste caso, que os envolvidos sejam rápidos e transparentes, afinal o Cielo que vimos na noite dessa sexta-feira está mais para um atleta aposentado, um gestor de carreiras e corporações, não aquele atleta que nos encanta pelas piscinas mundo afora.