Posts Tagged ‘esporte como negócio’

Amantes do esporte, sejam bem-vindos. Decidi criar esse blog com o intuito de informar, compartilhar e estabelecer opiniões a respeito dos negócios que envolvem o esporte,  relatar e aprofundar as notícias que vão além do caderno de esportes dos jornais, portais e revistas, até porque aqui o resultado dentro de campo/ quadra e etc. pouco importa. Busquemos as identidades, questões culturais, paixões intrínsecas e peculiaridades desse mundo tão apaixonante e desafiador.

Para começar, vamos aproveitar a oportunidade e escrever sobre a final da Copa Santander Libertadores. O que notamos a respeito de organização? Quais são os atrativos ao público? Qual é a relevância internacional que a final deste torneio provoca? São questões como essas que abordaremos a partir de agora.

Falemos primeiramente da organização do jogo: nota-se um despreparo da Conmebol em alguns sentidos.  Os funcionários não possuem identificação nenhuma, a não ser os do patrocinador, o Banco Santander – detentor do naming rights do torneio –  que aparecem sempre com o uniforme vermelho. A experiência de consumo me lembra um jogo comum vivido por aqui, isto é, a medida que o torcedor chega ao estádio, alguns cambistas o abordam, provocando uma primeira impressão negativa. Adentrando ao estádio, a “setorização” é praticamente nula, já que o serviço prestado é praticamente o mesmo, as filas são as mesmas, a busca por um lugar  – que deveria ser marcado, devaneio do autor – é a mesma. A exceção se dá na área vip. Assim, a grande maioria não consome verdadeiramente in loco, a qualidade é pouca, pois a organização é nula. É preciso tratar o consumidor como cliente, fazer com que seus desejos e necessidades sejam atendidos, ele está propenso a consumir. Voltando a falar um pouco da Conmebol, o que me parece claro é que a entidade “deixa na mão” dos clubes a organização do evento, simplesmente não realiza nenhum tipo de preparação. O que pôde ser notado ainda mais na premiação, onde jogadores e membros do time vencedor eram espremidos pelos repórteres, mal conseguindo chegar ao pódio. Veredicto: a organização e identidade são ruins, é preciso melhora para que o evento seja melhor consumido.

Passemos ao quesito atrativo ao público, onde podemos partir de alguns pilares: símbolos, produtos licenciados, hino e local da final. Percebemos que na Libertadores, o grande símbolo presente é a taça, objeto que identifica a marca do torneio com clubes, patrocinadores e torcedores, assim como o logo do torneio. Particularmente, creio que podíamos ter algumas ações ligadas à taça e ao conceito de “momento da vitória, redenção”: por que não associar esse momento agregando valor em campanhas junto aos clubes e patrocinadores? É o “objeto de desejo”, criar ações junto ao público e conseqüentemente alavancar o brand equity dos mesmos.

Quanto aos produtos licenciados, o que podemos notar é que o público não tem muitas opções, pouquíssimos produtos são comercializados. É quase inevitável compararmos, mesmo que incorretamente, com o que acontece com a final da Uefa Champions League, onde podemos encontrar milhões de produtos com a marca. Culturalmente o povo latino acompanha o time do coração tanto quanto os europeus, por que não satisfazer esse público? Apenas uma provocação. O mesmo podemos pensar quanto a um hino que identifica e comercializa a competição, associar uma música – novamente, como é feito de forma excelente na Europa – à disputa, criar conceitos e agregar valor a partir deste hino.

Chegamos à questão cultural e mais polêmica: o local da final. O conceito de jogo único, como se fosse uma final de Copa do Mundo me agrada muito, ocorrendo em sedes rotativas. Preparação, ambientação e fazer com que a sede escolhida “respire” a final da competição seria uma grande oportunidade, incorporando também o chamado “match day”: incorporar ações de relacionamento antes, durante e depois do jogo.

Vamos à mídia: será que a final da Copa Santander Libertadores possui grande relevância internacionalmente? A resposta é não por enquanto. Estive pesquisando em sites internacionais, a única referência que achei foi sobre Neymar, que esteve jogando a final, mas sobre seus dias estarem contados aqui no Brasil, nada muito relacionado ao jogo em si. Apenas em alguns sites sul-americanos e na página do Barcelona, possível adversário na final do mundial, encontrei uma breve nota parabenizando o grande campeão, porém nada enfatizando a final, exposição de mídia, retorno dos patrocinadores e etc.

Depois de expor todas essas questões, é possível entender que a Libertadores tem tudo para crescer, possui consumidores espalhados pela América que valorizam a identidade e tudo o que vencer esse torneio representa, porém não em forma de negócio. O que falta é um plano estratégico da marca, fazendo com que um dia ela seja rentável e que as necessidades do consumidor, patrocinador e investidor – verdadeiros clientes – sejam atendidas. Oportunidade existe, vamos aproveitá-la.